domingo, 15 de novembro de 2015

Como fiz o conto "O Espírito de Kenichi" e muitos outros








Então gente, fomos a São Paulo, eu e minha irmã, minha eterna amiga e assessora para todos os assuntos, para eu receber o Prêmio Bunkyo de Contos. Escrevi um conto especialmente para este Concurso, nos moldes estabelecidos pelo regulamento. O conto deveria ser do gênero FANTÁSTICO, aquela coisa assim em que a gente fica matutando: "será que que isto é verdade? Quase cheguei a acreditar!", esta é a melhor fórmula para resumir o espírito do fantástico, segundo Todorov, filósofo, linguista e crítico literário. Fica entre o sobrenatural e o real. Outro requisito para o tema do Concurso do Bunkyo era que o enredo enfocasse a cultura japonesa e brasileira.

Não gosto de escrever contos visando concursos, procuro ter sempre em mente que escrever é gostoso, na verdade, é uma delícia, um grande prazer, mas não posso deixar de confessar que um concurso mexe comigo, funciona como uma espécie de desafio. Já participei de muitos, mas ganhar que é bom, foram poucos. Não importa, fazer parte dos 10 melhores é um Oscar pra mim! Meu marido, meu amor, meu amante, meu conselheiro para todos os assuntos, e que tem muito mais bom senso e muito mais juízo do que eu, sempre me diz: esquece os concursos, concentre-se no prazer da escrita. É, às vezes uma ideia vem do nada, às vezes vem do que observo, de lembranças antigas, do que alguém me conta. E às vezes simplesmente invento, como foi o caso do "O Espírito de Kenichi". Evidentemente que não invento tudo, alguma coisa já está lá dentro da gente, e a personagem narradora acaba sendo eu mesma. Saramago dizia que não existe esta bobagem de narrador, o autor que trate de assumir o que diz, e Graciliano Ramos dizia que arte é carne, é sangue, que nossas personagens são pedaços de nós. É sim, gente, é sim. 

Então, a narradora deste conto e de muitos outros sou eu mesma, sempre carrego um fardo de coisas alegres e tristes como todo mundo. O Kenichi foi um adorável japonês que inventei, mas será que inventei mesmo? Eu me baseei nos muitos imigrantes japoneses que no passado vieram para o Brasil, muitas vezes sofrendo todas as espécies de carências. Um cara bom que conviveu conosco, saindo tão misteriosamente de nossas vidas como entrou. 

Bom, como ia dizendo lá no primeiro parágrafo, lá fomos, minha irmã e eu para São Paulo. Ela, com um mapinha de como faríamos no metrô, sabe como é, aquela coisa de ir até tal estação, depois trocar de sentido, depois tal linha e tal e tal. A d o r a m o s  não ter que pagar o bilhete, afinal ter mais de 60 tem suas vantagens. Na saída da estação São Joaquim, teríamos que virar à esquerda e descer a rua. Imagine se acertamos! Que nada! Não é que fomos para a direita e tivemos que voltar! kkkkkk

Mas valeu! Os japoneses foram super amáveis, fizeram mil reverências, tal como o Kenichi de meu conto! 

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