O carnaval em Pedra Branca sempre
foi uma festa de muita animação, mas a do ano de 1935 não resta dúvida que foi
a maior, que deixou saudades para todos, até para mim, que na época era um
adolescente de 16 anos, que gostava muito de música carnavalesca. Confesso que
não tinha uma boa voz, que se misturava com as vozes do povo folião. Dizem que
no carnaval canta-se de qualquer jeito, afinado ou não; o principal é expandir
a alegria, o entusiasmo, qualidade que contamina qualquer um. O carnaval de
1935 foi muito bem organizado e tudo feito com a maior antecedência para não
esquecer os pequenos detalhes. Foram muitos blocos dos quais ninguém tinha
conhecimento e que só apareceram nos dias de carnaval, para receber aplausos da
multidão, pela beleza e originalidade.
Pelo tempo decorrido, não me lembro
o nome de nenhum bloco, mas daquele em que eu desfilei, este ficou gravado e
não era bem um bloco, mas um simples caminhão, no qual foi alojado o
“JAZ-BAND”, que animou todos os bailes e que as principais figuras eram o
Gaspar Carneiro, o Finfa, o Silvio Faria, marido da Ditinha, este tomava conta
da bateria e, ao mesmo tempo, era o cantor nomeado. Não era um conjunto musical
dos mais afamados, mas que deu conta do recado, isto lá deu, e que nas voltas
pelas ruas da cidade recebia palmas pelas músicas executadas e de todos aqueles
que apareciam nas janelas das casas.
Lembro-me que fui admitido no
caminhão por uma cortesia dos integrantes, e usava uma fantasia, se isto podia
ser chamado de fantasia, constava apenas de uma camisa de malandro, e a Bába,
minha tia, me fez uns desenhos no rosto a carvão, de forma que estava muito bem
caracterizado. Não me esqueci deste detalhe. O clube onde foram realizados os
bailes era o prédio onde hoje é casa do Enéas, na parte superior, e ficava
superlotado, cada um mais folião que o outro e havia os puxadores de cordão,
que arrastavam para o meio do salão todas as pessoas, mesmo aquelas que não
tinham muito jeito para brincar. Lembro-me do Sr. Abel Bustamante e do Sr.
Maximiano Ribeiro, aquele que foi Coletor Estadual de Pedra Branca por algum
tempo. E lá no clube, no meio de toda aquela brincadeira, os dois foram alvos
de uma cena que provocou risos gerais. O Sr. Abel Bustamante, em determinado
momento, com um frasco de lança perfume na mão, foi para cima do Sr Ribeiro e
quebrou o vidro em sua careca, derramando todo o conteúdo pelo rosto abaixo. A verdade
é que ninguém se danou, ninguém se feriu, ninguém se machucou, tudo foi levado
à conta da alegria, da brincadeira e da festa que o carnaval proporciona a
todos.
Foi, na minha opinião, o carnaval
mais bonito que eu tomei parte, talvez porque todos os moradores da cidade
marcaram presença, deram o seu apoio e contribuíram para o maior brilhantismo
da festa.
Só o carnaval de 1935 ficou gravado
na minha memória, não me lembrando de outros na cidade. A minha participação foi muito ativa e de bom
proveito, deixando-me inteiramente satisfeito.
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