Hoje
uma amiga postou no grupo do whatsApp um artigo interessante intitulado “Caminhão
de lixo”. Trata-se de um motorista de taxi que ensina ao seu passageiro como
não ser um caminhão de lixo, acumulando mágoas, picuinhas, estresses diários, e
o que é pior, descarregando todo este lixo em cima dos outros. Imediatamente me
reportei a um episódio de 21 anos atrás de que nunca me esqueci. Curiosamente
envolvia um motorista de táxi que de forma parecida ao do artigo, ensinou-me,
não com palavras, mas com um único gesto como não ser o tal caminhão de lixo.
Minha
mãe, minha tia e eu estávamos em uma peregrinação religiosa em Medjugorje. Penso
que hoje em dia a cidade e região já tenham um sistema mais adequado de locomoção
devido ao infinito fluxo de peregrinos que vão diariamente visitar o lugar
sagrado. Naquela época havia pousadas bem simples e andávamos a pé por todos os
lados. Mas certo dia tomamos um taxi porque o lugar aonde pretendíamos ir era
um pouco mais distante. Eu estava sentada no banco da frente, ao lado do
motorista. Era uma confusão tremenda de carros que se enfiavam uns na frente de
outros, não havia semáforos, nem guarda de trânsito. Em determinado momento
quando enfim conseguimos pegar uma rua preferencial, um carro entrou abruptamente
em nossa frente, fazendo o motorista brecar com força. Eu fiquei indignada, olhei
para o motorista e disse: como é que pode? Ao que ele simplesmente respondeu fazendo
um gesto com a mão que dizia: calma, deixa passar, não vale a pena. Tranquilamente,
ele esperou que o outro motorista mal educado passasse e seguimos atrás.
Ele
já devia estar acostumado com aquele trânsito caótico, é verdade, mas mesmo
assim seu comportamento revelava que ele era um homem calmo, que não deixava que
essas coisas atrapalhassem sua tranquilidade. Admirei muito aquele cara e toda
vez que ameaço ficar irritada no trânsito, não deixo de me lembrar daquele motorista
da Bósnia que me dizia só com gestos, “deixa passar”. Já ouvi que no trânsito
os gênios se mostram. E há casos tão perigosos que motoristas se matam por
coisas perfeitamente contornáveis. É muito chato, para não dizer outra palavra,
estar esperando por uma vaga quando vem um engraçadinho e passa na frente da
gente. Enfim, realmente não devemos perder a classe, a paz interior e a saúde
física por causa de disputas no trânsito. Já assisti a dois motoristas que saíram de
seus carros e se atracaram com tanto ódio que certamente se um deles estivesse
com uma arma, teria cometido um crime. As mulheres também saíram dos carros e nervosas,
tentavam sem sucesso algum acalmar seus maridos trogloditas. A coisa toda só terminou
quando outros homens que passavam seguraram os dois brigões nervosinhos.
Sim,
no trânsito os gênios se revelam, o que podemos perceber facilmente tanto pela
gentileza de uns como pela agressividade de outros. Vale a pena também
aproveitar qualquer incidente para a gente se conhecer sem medo. Será que sou
sempre gentil? Humm ... Eu já fiquei irritada no trânsito e não foi só uma vez
não, já fiz cara feia e tudo. Assim, toda vez que saio rezo a oração do anjo da
guarda porque nunca sabemos o que de fato nos aguarda. Vamos em frente que
atrás vem gente.
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