quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

UM DIA DE PURA EMOÇÃO NO G9



             
 


 Ana Cândida Costa da Musa Editora e eu estivemos ontem no Colégio G9, a convite da Diretora Fernandes. Ana Cândida levou os belos livros artísticos da Musa Editora para serem expostos durante todo o dia e eu fiz três palestras para as crianças sobre meu livro “Dois anjos e uma menina”. Minha experiência com plateias não passou dos eventos teatrais no Curso de Letras e de meu memorável discurso de oradora que escrevi e discursei com veemência na formatura. E também minha experiência com microfones não passou de quando cantava no Santuário de Nossa Senhora da Agonia com minha irmã. Mas com a cara de pau que Deus não me deu enfrentei o touro pelo chifre e levei a sério a afirmação de um sobrinho de que eu tenho alma de artista, portanto microfone e plateia seriam fichinhas! Lá fui eu com dois papeizinhos para não me esquecer do que queria dizer para as adoráveis crianças que assistiram às palestras, mas tudo fluiu. Emocionei-me.
Sim, foi pura emoção. Falei para as crianças bem pequenas, para as maiores e para outras maiores ainda. Eu me encantei com as respostas da meninada. É claro que perguntei o que era preciso para “escrever” e ouvi: lápis, apontador, papel, borracha, paciência, tempo, mão, e por aí foi. Mas quando paramos de rir, ouvi: criatividade, imaginação, “vida”, fantasia, inspiração, “paixão pelo faz”. Uma graça! Insisti na imaginação, inspiração e trabalho construído. Os pequenininhos me surpreenderam. Eu perguntei o que as crianças têm que os adultos não têm. Vamos lá: os adultos têm altura, idade, peso, conhecimento, dinheiro, e as crianças têm “pureza de coração”, um amor! Uma garota me perguntou como tive a ideia de escrever “Dois anjos e uma menina”. Eu respondi: não sei ao certo, mas desconfio que existe uma menina dentro de mim que nunca foi embora e de vez em quando ela bate na porta do meu coração e vem me ensinar algumas coisas de crianças que eu já tinha me esquecido.
Uma garotinha delicadíssima perguntou se podia passar a mão em meus cabelos!  Penso que deve ser pelo branco neve que resolvi assumir! E como não podia deixar de ser, uma menina e um menino perguntaram minha idade. Eu que jurava que a menina iria me dar bem menos idade, ela me deu dois anos a mais! E o menino disse que eu “não era velha” porque sua avó tinha dois anos a mais do que eu. Ufa! Que alívio! Brincadeira, gente! Não me incomodo com a idade não. A menina que existe em mim não deixa isso acontecer!
Autografei livros, pedaços de papel que as crianças me trouxeram e até botei meu autógrafo em seus bracinhos, passeamos pelo colégio todo, almoçamos no restaurante com mais outras duas amigas, tomamos café e fomos tratadas como “amigas do rei”. Assistimos a uma verdadeira demonstração de civilidade. Só gentilezas. Meu muito obrigada à Fernandes, diretores, coordenadoras Estela e Nilceia, e a todos os professores, funcionários e crianças queridas! Se eu puder dizer tudo que recebi ontem em uma única expressão será: um banho de gentilezas! Valeu gente querida do G9!        

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

MOMENTO MÁGICO



 

Aconteceu de novo: o momento mágico! Estava descendo o morro de carro e me deparei com a cidade ainda banhada pelo sol se retirando para dormir. Os raios ainda eram fortes e bateram em meus olhos ofuscando tudo à minha volta. Mas parei o carro e olhei cheia de encantamento. Era lindo! De repente, de novo e sempre me vem aquele pensamento de que estamos em cima de um planeta que gira em torno de si mesmo e do sol. Confrontada por esta verdade incrível, eu me ausento de mim. Uma força suave me suspende do mundo. Não sei se é a alma que se solta do corpo ou algum anjo que está silenciosamente ao meu lado. Em um ataque fulminante de ternura, sou imensamente feliz e agraciada e saciada de beleza. É como se estivesse nascendo agora e enxergando o mundo pela primeira vez. Não importam mais os senões, a dependência disso ou daquilo, o passado, o presente ou o futuro, e os fardos podem ser gentilmente deitados ao chão. O que realmente importa é que neste raro momento que me assalta de quando em quando é que percebo a beleza das coisas mais cotidianas, mais simples, mas cheias de grandeza. Não assisto ao por do sol todos os dias. Deveria. O momento mágico é aquele em que percebemos ou sentimos a vida pulsar, ou enxergamos a vida assim como as crianças, sem aquelas escamas que já cobrem nossos olhos desde a adolescência. Sim, é fato que ao crescer perdemos esta dádiva que só as crianças possuem. Entretanto, a menina aprisionada dentro de mim de repente consegue se esgueirar por alguma fresta e me toma por inteiro. Aí eu posso ver o sol, também posso ver a água que escorre pelas minhas mãos, posso ver atentamente as flores de primavera, cada detalhe, cada cor. Posso ouvir Mozart, Kate Bush ou Fred Mercury, sentindo minha alma subir até o céu. Posso ir até o fundo dos oceanos onde provavelmente o gênero humano tenha nascido das águas profundas como assim afirmam alguns e descobrir cavernas cheias de mistério e beleza. Como o mundo é belo! Então o sol é assim? E a água, nossa que linda! O momento mágico! Afinal, a prisioneira é a menina que habita em minhas profundezas ou sou eu?A menina que tudo sabe em sua sabedoria inata e que ainda não conhece nem participa do inevitável caos que a espera. Sim, sou eu a prisioneira que vive encerrada em masmorras pesadas e tristes. Também é fato que prisões existem de todas as formas. E a liberdade mora dentro de nós, a gente é que nunca se convence disso. A menina é quem vem me libertar, que vem me salvar da mesmice, e vem me ensinar tanta coisa bonita que já me esqueci, que me alerta que a vida exige o “despojamento de tudo o que obstrui o crescer da alma, o que a atulha e soterra” como descobriu G. Rosa. É o momento mágico quando nós duas nos encontramos. Mesmo em raros momentos de êxtase, nesta estranha e súbita epifania, descubro que só por estes momentos vale a pena viver. Vale dizer que o sol se põe quase todas as tardes e quando chove também é tudo tão bonito, ou isto ou aquilo, como dizia Cecília Meireles. Maravilhas cobrem este planeta onde habitamos, mas só podemos enxergar esta beleza se a tivermos dentro de nós ainda que em raros e preciosos momentos de pura magia! Um bom final de semana de raros momentos mágicos a todos!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

NOS TEMPOS DO REDINGOTE




 




            Eu estava numa clínica esperando para fazer um exame. Como é de praxe houve um atraso. E eu não tive opção a não ser assistir ao mundo acontecer como diz minha prima. Assistia ao vídeo show que passava numa tela à minha frente. Uma apresentadora entrevistava uma moça totalmente desconhecida para mim, pois não conheço nada de atrizes, novelas e programas de TV. A tal garota era uma participante do BBB que tinha sido eliminada recentemente. Ao observá-la atentamente lembrei-me da frase da “Caverna de Platão”: “Estranho quadro e estranhos seres são esses!” A moça tinha uma imagem carregada de exotismo e sedução. Maquiagem perfeita, cílios que davam várias voltas, boca carnuda pintada (é claro!), roupa provocante, daquelas que exibem o corpo em todas as suas curvas. Trazia várias tatuagens nas partes que eram visíveis, tipo um terço num braço, uma cobra ou algo parecido no outro braço e outras imagens das quais já nem me lembro. Era uma moça muito nova para tanta sofisticação. Nada contra a jovem. Nem a conheço. Conheci seu exterior apenas, o interior, nem o meu conheço bem. Mas o quero mesmo dizer, o que realmente me chamou a atenção de verdade foi a diferença entre ela e outras jovens de hoje com o que fomos nos idos de 60 e 70.
            Eu sei, eu sei o que você está pensando. Não é isso, não vou dizer que lá no passado é que era bom, não. Cada época tem suas coisas boas e más. O que faço é apenas uma retrospectiva de nossa época. Para tarefa de tal envergadura, conclamei minhas amigas do Café da Ciça, tão sessentonas quanto eu, salvo alguma pouco mais jovem e também a nossa mascotinha que realmente está na casa dos vinte. O material colhido foi tão vasto, tão rico e tão interessante que é impossível colocá-lo todo neste texto. Penso que daria uma boa tese de sociologia, ou melhor, de antropologia.
            Mas vamos aos detalhes sórdidos com requintes de crueldade de nossos hábitos e nossa cultura da época. Temos que considerar o fato de que muitos desses costumes estavam intrinsecamente ligados ao lugar onde passamos nossa adolescência e juventude, ou seja, uma pacata cidade do sul de Minas. Evidentemente que nas grandes cidades e capitais as jovens eram um pouquinho mais soltas. Minha avó chamava as moças que não eram do interior de “moças de praia” com um risinho sarcástico.
            Naquela época de 60 e 70, as anáguas e combinações ainda faziam parte de nosso vestuário. Para dizer a verdade, até hoje ainda uso uma combinação com determinado vestido que é transparente. Uma de nossas amigas lembrou bem que não era raro alguma anágua escorregar um tiquinho abaixo do vestido ou saia, aí alguém avisava para a fulana que ela estava vendendo farinha, expressão que nunca mais ouvi, e me deliciei, coisa mineira, sei lá. A moça ajeitava aqui e ali e puxava a anágua para cima.
Usamos toalhinhas higiênicas, na verdade, anti-higiênicas. Aí surgiu o famoso Modess, um apetrecho que definitivamente inscreveu seu nome na história da higiene feminina. Aqui em Itajubá, segundo uma participante da enquete sobre o passado, o Modess só era vendido na loja da querida Julinha. Naquela época não havia sacolas ou embalagens, tudo era acondicionado em papel de embrulho e principalmente os pacotes de Modess. A Julinha já os embrulhava com antecedência, talvez para não serem encarados de forma meio que indecente. Era chegar e pedir, lá vinha o pacote prontinho embrulhado num papel de embrulho rosa com durex e tudo. Mas ai da jovem, coitada da jovem que ousasse passar com este embrulho debaixo do braço em plena praça. Todos os habitantes da cidade sabiam tratar-se do absorvente e a moça era alvo de piadinhas maliciosas. O Modess foi para nós um símbolo de liberdade e conforto, um adeus às detestáveis toalhinhas. Porém, em comparação com as modernidades atuais, posso definir o Modess como um verdadeiro canhão entre as pernas. As meninas de hoje ficariam hor-ro-ri-za-das.
Bem, somos do tempo do conjuntinho de banlon, do vestido “tubinho”, mostrando as pernas, dos perfumes “English Lavander”, “Heure Intime”, “Fleur de Rocaille”, “Caleche”, “Almiscar selvagem”, “Muguet de bonheur”, “Lancaster” (para os homens), “Rastro da Phebo”. Enrolamos os cabelos em bobs molhados na cerveja, usamos laquê feito de pedra de breu, e suportamos uma esponja Bombril na cabeça para compor um coque chique para festa. Ah, também já passamos os cabelos à ferro quente para ficarem lisinhos.
Tomamos o famoso Postafen ou Postavit para engordar. Quase toda moça era magra, pois não havia requeijão nem chantilly, e depois usávamos o bambolê para afinar a cintura. Dançamos o rock, twist e hully gully, e nosso sonho de sedução era dançar de rosto colado ao som de Besame Mucho. Também tínhamos nossos momentos de tristeza quando rejeitadas pelo cara que era o pão da época e para esses momentos ouvíamos “Pobre menina” de Leno e Lílian.
Nossa vida era simples, nosso Facebook era um caderno de perguntas passado de mão em mão e esperávamos ávidas para ler as respostas das amigas e conhecidas, que nem sempre ou quase nunca correspondiam à realidade: “você já beijou?” Sim, ainda não, quase lá. “Quem foi seu grande amor?” É de matar de ternura a inocência das meninas e jovens daquela época.
Enquanto isso, Jota Silvestre brilhava em seu programa de auditório. Ele botava uma pessoa dentro de uma cabine à prova de som. Lá fora ele perguntava: você deseja trocar uma lambreta por uma lã preta? A pessoa só podia dizer sim ou não e aí dizia: sim! Ao que a plateia delirava!
Que mais gente? Ah tanta coisa, tinha a blusa cacharrel, a gola rolê, os sapatos Vulcabrás, alpargatas Roda, o Denorex, um shampoo anticaspa, que “parece remédio, mas não é”, o leite Paulista, o cobertor Paraíba, e os Redingotes, ah os redingotes, aqueles vestidos adoráveis, inteiriços e justos no busto, com gola italiana, abotoamento duplo, que podia ser usado como vestido ou como casaco, mais para épocas frias.
Se a moça do BBB fosse transportada para aquela época, certamente pensaria estar em outro planeta. Mas não é sempre assim?Nossas avós também ficavam horrorizadas com os costumes modernos daquele tempo. Mas uma coisa é certa: quase toda moça era virgem e sonhava com a noite de núpcias.  E mais: nenhuma moça tinha tatuagem em nenhum lugar nem visto nenhuma a não ser no braço do Popeye. E isso era bom ou mal? Não sei, depende, cada um no seu tempo. Nosso tempo foi o do Redingote!  
      

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

JUÍZO FINAL




Soou a sétima trombeta. Isso mesmo. Pela manhãzinha ressoaram os sete trovões. O Juízo Final. Todos acordaram com um som terrível de uma trombeta que não era da Terra, mas dos Céus. E de fato houve relâmpagos, trovões, terremotos. Os céus se abriram e lá estava Deus sentado em Sua Majestade à espera dos relatórios, e do relatório final, ou seja, dos nomes dos inscritos no livro da vida. Deus não tinha uma imagem clara, todos sabiam que era Ele, mas não conseguiam vê-Lo. Ao seu lado toda a Corte Celeste estava presente, os santos que ela tanto amava e de quem invejava as virtudes que eu não soube cultivar. E uma coisa era certa: sem cultivar, não se colhe.  
Mesmo com Deus em Sua Majestade, sua mente voou para o mundo. Lembrou-se de repente de outras listas quando esperava hirta e angustiada se seu nome estaria ou não na lista. Lista de transferidos do trabalho para outra cidade, lista dos aprovados em tal e tal concurso, listas e mais listas de nomes. No entanto, nesta vida em que “a figura deste mundo passa”, essas listas também já haviam passado, não eram mais tão importantes assim. Tudo acabou se arranjando de um jeito ou de outro. Mas esta lista de agora, puxa, esta era a final. Estaria ela lá? Impossível saber.
As pessoas estavam silenciosas. Não choravam, nem gritavam, ninguém estava em pânico. Todas estavam em choque, isso sim, à espera de seus nomes. Mas e o perdão? Sempre haveria a possibilidade do perdão. Sempre há. Até os reis terrenos quando queriam, concediam o perdão ao condenado. Mas O Deus do Céu, este sim conhecia cada coração. Veja bem, até São Paulo havia ordenado que apedrejassem Santo Estevão! Mas conheceu Jesus e caíram as escamas de seus olhos. Foi perdoado. E ela? Merecia o perdão? Sinceramente? Não sabia.
A quem mais ela podia recorrer nesta hora tremenda em que o próprio Deus aguardava a lista em suas mãos? A Jesus e sua mãe, naturalmente. E eles chegaram, tão simples, mas tão simples que uma pessoa desavisada não diria quem eram. Ela os reconheceu imediatamente. Jesus, não pela barba que se vê em qualquer imagem que dele fazem, nem pelas chagas, mas pelo olhar. E sua mãe, não pela beleza, mas pela doçura e pelo jeito silencioso. Havia também em sua cabeça uma coroa de doze estrelas, isso havia sim.
E eis que um santo olhou para ela diretamente nos olhos. Era São Paulo. Como o reconheceu? Também não sabia, mas sabia que era ele. Bem, ela foi se lembrando de suas frases de que tanto gostava! “A figura deste mundo passa”, como passa! E outra: “Não se ponha o sol sobre sua ira”. Ah esta era imbatível, pois é quando se dorme que fermentam os sentimentos. E mais outra que também exultava em se lembrar: “Não faço o bem que quero, faço o mal que não quero”. Pois é. Quantas vezes poderia ter deixado passar isso ou aquilo, e não deixou. Quantas vezes disse algo que não poderia ter dito! Quantas vezes deixou de dar uma esmola porque estava complicado abrir a bolsa, com sombrinha e sacolas. E, no entanto, queria fazer o bem, mas o inferno está cheio de boas intenções, dizem.
   São Paulo continuava olhando fixamente para ela, e lançava um olhar enigmático como quem quisesse dizer alguma coisa, mas que ninguém podia perceber. Será que tentava ajudá-la, tipo assim soprando alguma resposta que ela pudesse usar para se defender? Mas por que São Paulo? Sabe-se lá. Gostava de suas frases, mas ele não era, digamos assim, tão íntimo seu. De repente, ele colocou o braço à mostra disfarçadamente, e ela viu seu famoso espinho na carne. A carne sangrava abundante em volta de um duro espinho. Como pudera se esquecer do espinho na carne de São Paulo? Ora, todos têm um espinho na carne. Isso! Deus havia de considerar os espinhos.
Depois foi a vez de Santa Teresa de Ávila a olhar fixamente para ela. Pronto. Ela também queria lhe falar alguma coisa. Estes santos estão me ajudando, pensou. Então olhou para a santa com olhos ávidos para não perder nada. Santa Teresa cruzou os braços sobre o peito e abaixou a cabeça numa atitude humilíssima, era a própria imagem da humildade. Aí ela se lembrou de uma frase sua, entre tantas, que ela também tanto gostava: “ponhamos os olhos em Cristo e em seus santos e aprenderemos a verdadeira humildade.” A humildade, ah a humildade? Quem tem? Há quem tenha sim senhor.
Mas agora não dava mais tempo. Por mais que quisessem lhe ajudar, esta era a última hora, não obstante, olhou para os dois com gratidão. Em volta, as crianças brincavam alegremente, alheias à gravidade da situação, como é próprio delas. Aí se lembrou de Jesus que ensinava a todos serem como as crianças. Bom, seja o que Deus quiser, literalmente, pensou ela, resignada.   
De repente chegou um anjo maravilhoso que irradiava luz e bondade, e após ajoelhar-se diante de Sua Majestade, passou às suas mãos o que seria a salvação ou a condenação de todos. Ela sentiu vontade de chorar. Todos no maior silêncio do mundo. Não dava pra ver o tamanho da lista porque o papel devia ser desse tipo que se vê em filmes, de pergaminho todo enrolado e preso por duas hastes. Então Deus começou a desenrolar o tal papel, e lia e relia em silêncio, calmamente. Neste instante, Jesus e Nossa Senhora aproximaram-se de Sua Majestade e cochicharam algo em Seus ouvidos. Deus pensou um pouco. Fechou a lista, meio contrariado. Todos assistiam a tudo completamente estupefatos.
A voz de Deus soou forte como um trovão, e todos entenderam que teriam mais um pouco de tempo para aprender a viver no amor. Quem não aprendesse agora não aprenderia nunca mais. Em seguida os Céus se fecharam.
Ela acordou daquele sonho dantesco e ficou pensativa. Afinal, seu nome estaria naquela lista ou não? Jamais saberia. Antes que os Céus se fechassem, jurou que viu um sorriso nos lábios de Santa Teresa e um pálido aceno de São Paulo. Ela também esboçou um sorriso e sussurrou para si mesma: Bendito seja Deus em seus anjos e em seus santos! Amém!