Comemoramos dia 19 de março mais um aniversário de
Itajubá. Parabéns para a cidade que avança pelo tempo como uma senhora digna e
simpática de quase duzentos anos e cem mil filhos, marcada por uma história de
acontecimentos tão curiosos como dramáticos desde seu nascimento até os dias
hoje. De fato, se Padre Lourenço da Costa Moreira não tivesse acordado, certo
dia, acabrunhado com o pensamento de que sua paróquia deveria ser em local mais
propício para o crescimento, Itajubá ainda seria em Delfim Moreira, lugar de
incontestável beleza, mas de precárias condições topográficas. Partindo do
princípio de que na História não existe “se”, era exatamente assim que deveria
ter sido. O “Encontro” que remonta ao início da história de Itajubá foi o
episódio da disputa travada entre as povoações do arraial de Nossa Senhora de
Soledade de Itagybá, atual Delfim Moreira e arraial de Boa Vista de Itajubá pela
posse da imagem de Nossa Senhora da Soledade. A tentativa de transferência da
imagem e paramentos religiosos para a nova paróquia foi frustrada pelos fiéis
que permaneceram em Delfim Moreira. Os paramentos vieram e a imagem de Nossa
Senhora da Soledade ficou, sendo providenciada uma réplica para Boa Vista de
Itajubá. Por muitos anos os itajubenses se emocionaram com a tradição de uma
carreata entre as duas cidades, que levava e trazia a imagem da padroeira por
ocasião de sua festa, acontecimento que fazia recordar o início da história de
Itajubá e aumentava o carinho dos fiéis por Nossa Senhora da Soledade.
Padre Lourenço foi tão intensamente seduzido pela
natureza exuberante e pela vista encantada que rodeava o rio Sapucaí que aqui
acampou com os fiéis, certo de que não encontraria lugar mais adequado e
promissor para estabelecer sua paróquia. Se (outro “se”) o padre, nos dias
atuais, visitasse seu fascinante recanto, constataria que seu vale já não é tão
verde e “suas várzeas já não têm tantas flores”, alto preço que pagamos pelo
progresso que merecemos. Arrancamos muitas árvores, alargamos as ruas para que
coubessem mais carros, estreitamos as calçadas, demolimos prédios antigos,
sujamos os rios e abrimos buracos sem fim. Entretanto, essa moderna situação
caótica não é privilégio de Itajubá, mas de quase todas as cidades que sofrem
com o uso desordenado dos recursos naturais e com o desenvolvimento desenfreado
a que nos expomos sem o perceber, pois os efeitos colaterais geralmente se
manifestam mais tarde.
Nem tudo está perdido, sempre há esperança, deverá existir algum meio para conciliar progresso e natureza. Haveremos de encontrar uma solução para o colapso do trânsito e a ausência do verde em nossas ruas. Agora, neste 19 de março, não queremos cultivar o pessimismo, ao contrário, torcemos para que a cidade dê certo, afinal, somos seus filhos. Aquecemos e abrimos nossos corações para homenagear a Itajubá do presidente Wenceslau Braz, do Grande Hotel, do Colégio das Irmãs, da Fábrica de Armas, da “mulher de bronze”, dos famosos corais e velhos carnavais, a Itajubá que já tem parque com lago e tudo.
Nem tudo está perdido, sempre há esperança, deverá existir algum meio para conciliar progresso e natureza. Haveremos de encontrar uma solução para o colapso do trânsito e a ausência do verde em nossas ruas. Agora, neste 19 de março, não queremos cultivar o pessimismo, ao contrário, torcemos para que a cidade dê certo, afinal, somos seus filhos. Aquecemos e abrimos nossos corações para homenagear a Itajubá do presidente Wenceslau Braz, do Grande Hotel, do Colégio das Irmãs, da Fábrica de Armas, da “mulher de bronze”, dos famosos corais e velhos carnavais, a Itajubá que já tem parque com lago e tudo.
O lugar escolhido pelo padre Lourenço permanecerá.
Se (último “se”) a vida se tornar insustentável pelos danos que causamos ao
paraíso primordial, não adiantará procurar outro lugar para morar, uma vez que
o planeta todo estará comprometido. Necessário será empreender uma nova busca
como fez o padre, dessa vez não para encontrar outro sítio, mas sim para
reaprender o caminho de volta, aquele que nos faz aproveitar as lições do
passado, como resgatar o intuitivo olhar com que o padre Lourenço enxergou Boa
Vista de Itajubá, como cultivar o verde de nosso vale, as flores de nossos
canteiros e o amor pela cidade que nos serviu de berço e sempre nos
abriga.
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